domingo, 1 de abril de 2012

Bará

 Bará é o nome de um Orixá que se cultua no batuque do Rio Grande do Sul.
 Por várias características pertencentes aos homens, Bará se apresenta como o Orixá mais humano de todos os Deuses africanos, sendo sempre o primeiro Orixá a ser servido em qualquer obrigação, nele encontraremos um Orixá prestativo e presente, segurando todas nossas futuras necessidades, caso contrário devemos nos preparar, sem exagero, para alguma coisa desagradável.
 Como dono das chaves, dos portais, encruzilhadas, caminhos e comércio, deve sempre ter suas saudações, obrigações e cortes quando necessário feitos em primeiro lugar caso contrário caminhos trancados, mas não devemos taxar o Orixá Bará de egoísta, para a segurança de nosso ritual é só servi-lo primeiro e assim nosso ritual estará bem encaminhado. É o Orixá responsável pela boa abertura dos trabalhos, esta para nossos negócios e vidas, destrancando caminhos e abrindo portas ou trancando e fechando, dependendo de nossos merecimentos e cumprimento de tarefas.A maioria das casas de nação tem uma casinha na entrada referente a Bará Lodê e Ogum Avagãm,Variando de nação incluem outros orixás.

- Saudação:Alúpo ou Lalúpo
- Dia da Semana - Segunda-feira e Sexta (Bará Agelú)
- Número: 07 e seus múltiplos
- Cor: Vermelho
- Guia: Corrente de aço (para alguns), vermelho escuro (Legba), vermelho (Lanâ,Lodê, Adagui e Agelú)
-Oferenda: Pipoca, milho torrado ou cozido, 07 batatas inglesas assadas ou cozidas e azeite de dendê.
-Adjuntós: Legba com Oiá Timboá, Lodê com Iansã ou com Obá, Lanã com Obá ou com Oiá, Adagui com Oiá ou com Obá, Agelú com Oxum Pandá e às vezes com Oyá.
- Ferramentas: Corrente, chave, foice, moeda, búzios, entre outros.
- Ave: Galo Vermelho.
- Quatro pé: Cabrito branco fosco mais ou menos marrom.
- Bará Lodê: São Pedro, quando faz adjuntó com Iansã,São Benedito com faz adjuntó com Obá.
- Bará Lanã:Santo Antônio do Pão dos Pobres
- Bará Adagui: Santo Antônio
- Bará Agelú:Menino no colo do Santo Antônio.

Os filhos de Bará possuem um caráter ambivalente, ora são pessoas inteligentes e compreensivas com os problemas dos outros, ora são bravas, intrigantes e ficam muito contrariadas. As pessoas de Bará não têm paradeiro, gostam de viagens, de andar na rua, de passear, de jogos e bebidas. Quase sempre estão envolvidas em intrigas e confusões. Guardam rancor com facilidade e não aceitam ser vencidas. Por isso para ter-se um amigo ou filho de Exú é preciso que se tenha muito jeito e compreensão ao tratar-se com ele.

Bará ou Exu é um orixá ou um bará de múltiplos e contraditórios aspectos,Seria um Exú orixá que o difere do Exú alma representado na quimbanda,o que torna difícil defini-lo de maneira coerente. De caráter irascível, ele gosta de suscitar dissensões e disputas, de provocar
acidentes e calamidades públicas e privadas. É astucioso, grosseiro, vaidoso, indecente, a tal ponto
que os primeiros missionários, assustados com essas características, compram-no ao diabo, dele
fazendo o símbolo de tudo o que é maldade, perversidade, abjeção, ódio, em oposição à bondade, à
pureza, à elevação e ao amor de Deus.
Entretanto, exu possui o seu lado bom e, se ele é tratado com consideração, reage favoravelmente,
mostrando-se serviçal e prestativo. Se, pelo contrário, as pessoas se esquecerem de lhe oferecerem
sacrifícios e oferendas, podem esperar todas as catástrofes Bará revela-se, talvez, dessa maneira o mais humano dos orixás, nem completamente mau, nem completamente bom.
Ele tem as qualidades dos seus defeitos, pois é dinâmico e jovial, constituindo-se, assim, um orixá
protetor, havendo mesmo pessoas na África que usam orgulhosamente nomes como È ùbíyìí
(concebido por Exu), ou (Exu merece ser adorado).
 Como personagem histórico, Exu teria sido um dos companheiros de Odùduà, quando da sua chegada
a Ifé, e chamava-se È ù basin. Tornou-se, mais tarde, um dos assistentes de Orunmilá, que preside a
adivinhação pelo sistema de Ifá. Segundo Epega, Exu tornou-se rei de Kêto sob o nome de È ù Alákétu.
É Exu que supervisiona as atividades do mercado do rei em cada cidade: o de Oyó é chamado È ù
Ak san.
 Como orixá, diz-se que ele veio ao mundo com um porrete, chamado gò, que teria a propriedade de
transporta-lo, em algumas horas, a centenas de quilômetros e de atrair, por um poder magnético,
objetos situados a distâncias igualmente grandes.
Bará é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas. É também ele que serve de
intermediário entre os homens e os deuses. Por essa razão é que nada se faz sem ele e sem que
oferendas lhe sejam feitas, antes e qualquer outro orixá, para neutralizar suas tendências a provocar
mal-entendidos entre os seres humanos e em suas relações com os deuses e, até mesmo, dos deuses entre si.
 Exu teve numerosas brigas com os outros orixás, nem sempre saindo vencedor. Certas lendas nos
contam seus sucessos e seus reveses nas suas relações com Oxalá, ao qual fez passar alguns maus
momentos, em vingança por não haver recebido certas oferendas, quando Oxalá foi enviado por
Olodumaré, o deus supremo, para criar o mundo. Exu provocou-lhe uma sede tão intensa que Oxalá
bebeu vinho de palma em excesso, com conseqüências desastrosas, como veremos. Teremos
oportunidade, também, de ver como exu foi responsável pelos transtornos de que o mesmo Oxalá foi
objeto quando certa vez foi visitar Xangô.
Por outro lado, em lendas publicadas numa outra obra, narra-se que houve uma disputa entre Exu e o
Grande Orixá, para saber qual dos dois era o mais antigo e, em conseqüência, o mais respeitável.
Oxalá provou sua superioridade durante um combate cheio de peripécias, ao fim do qual ele
apoderou-se da cabacinha que encerra o poder de Exu e Obaluaê, foi este último que saiu igualmente
vencedor.
 O lado malfazejo de Exu é evidenciado nas seguintes histórias:
Uma delas, bastante conhecida e da qual existem numerosas variações, conta como ele semeou
discórdia entre dois amigos que estavam trabalhando em campos vizinhos. Ele colocou um boné
vermelho de um lado e branco do outro e passou ao longo de um caminho que separava os dois
campos. Ao fim de alguns instantes, um dos amigos fez alusão a um homem de boné vermelho; o
outro retrucou que o boné era branco e o primeiro voltou a insistir, mantendo a sua afirmação; o
segundo permaneceu firme na retificação. Como ambos eram de boa fé, apegavam-se a seus pontos de
vista, sustentando-os com ardor e, logo depois, com cólera. Acabaram lutando corpo a corpo e
mataram-se um ao outro.
 Uma outra lenda mostra Exu mais maquiavélico ainda. Ele foi procurar uma rainha abandonada já há
algum tempo por seu marido e lhe disse: “ Traga-me alguns fios da barba do rei e corte-os com esta
faca. Eu lhe farei um amuleto que lhe trará de volta o seu marido” . Em seguida, Exu foi à casa do
filho da rainha, que era o príncipe herdeiro.Este vivia numa residência situada fora dos limites do
palácio do rei. O costume assim o determinava, a fim de prevenir toda tentativa de assassinato de um
soberano por um príncipe impaciente por subir ao trono. “O rei vai partir para guerra” , disse-lhe ele, e
pede o seu comparecimento esta noite ao palácio, acompanhada de seus guerreiros. Finalmente, Exu
foi ao rei e disse-lhe: A rainha, magoada pela sua frieza, deseja mata-lo para se vingar. Cuidado, esta
noite. E a noite veio. O rei deitou-se, fingiu dormir e viu, logo depois, a rainha aproximar uma faca de
sua garganta. O que ela queria era cortar um fio da barba do rei, mas ele julgou que ela desejava
assassiná-lo. O rei desarmou-a e ambos lutaram, fazendo grande algazarra. O príncipe, que chegava
ao palácio com seus guerreiros, escutou grito nos aposentos do rei e correu para lá. Vendo o rei com a
uma faca na mão, o príncipe pensou que ele queria matar sua mãe. Por seu lado, o rei, ao ver o filho
penetrar nos seus aposentos, no meio da noite, armado e seguido por seus guerreiros, acreditou que
eles desejavam assassina-lo. Gritou por socorro. A sua guarda acudiu e houve então uma grande luta,
seguida de massacre generalizado.
 Uma história mais simples mostra a atividade de Exu na vida cotidiana: uma mulher se encontra no
mercado vendendo os seus produtos. Exu põe fogo na sua casa, ela corre para lá, abandonando seu
negócio. A mulher chega tarde, a casa está queimada e, durante esse tempo, um ladrão levou as suas
mercadorias.
Nada disso teria acontecido – nem os amigos teriam brigado, nem o rei e o príncipe teriam se
massacrado, nem a vendedora teria se arruinado – se tivessem feito a Exu as oferendas e os sacrifícios usuais.
 O lugar consagrado a Exu entre os iorubás é constituído de um pedaço de pedra porosa, chamada
Yangi, ou por um montículo de terra grosseiramente modelado na forma humana, com olhos, nariz e
boca assinalados com búzios, ou então ele é representado por uma estátua, enfeitada com fieiras de
búzios, tendo em suas mãos pequenas cabaças (àdó), contendo os pós por ele utilizados em seus
trabalhos. Seus cabelos são presos numa longa trança, que cai para trás e forma, em cima, uma crista
para esconder a lâmina de faca que lê tem no alto do crânio. Isso, por sinal, é dito em uma de suas
saudações:
in o abè kò lóri rù
[A lâmina (sobre a cabeça) é afiada, ele não tem (pois) cabeça para carregar fardos” .].
 A Exu do candomblé são oferecidos bodes e galos, pretos de preferência, e prato cozidos em azeite-de-dendê (epo),Na Nação são oferecidos cabritos e galos vermelhos.
porém nunca se lhe deve oferecer o óleo branco (adi), que é extraído das amêndoas contidas nos
caroços do dendê. Este àdí tem a reputação de ser “ cheio de violência e de cólera” . Dizem que uma
boa maneira de se vingar de um inimigo consiste em derramar sobre a estátua de Exu esse óleo,
fervendo de preferência, declarando em voz alta que essa oferenda é feita pela pessoa desprezada. Exu
não deixaria então de lhe pregar uma peça!
Os elégùn de Exu participam das cerimônias celebradas para os outros orixás.Alguns acompanham
Xangô e traz nas costas uma tralha curiosa, onde se encontram, em desordem, duas ou três estatuetas
de Exu, fieiras de búzios, pentes, espelhos e as indispensáveis cabacinhas àdó, contendo os elementos
de seu poder. Outros, chamados olúpòna, participam das cerimônias que se realizam a cada quatro
dias, para Ogum, na região de Holi. No decorrer de suas danças, trazem sempre na mão um ògo,
bastão de forma fálica.
 Exu pode fazer coisas extraordinárias que se exprime nos seus oríkí, os louvores tradicionais:
“ Exu faz o erro virar acerto e o acerto virar erro” .
“ É numa peneira que ele transporta o azeite que compra no mercado; e o azeite não escorre dessa
estranha vasilha” .
“ Ele matou um pássaro ontem, com uma pedra que somente hoje atirou. Se ele se zanga, pisa nessa
pedra e ela põe-se a sangrar” .
“Aborrecido, ele senta-se na pele de uma formiga” .
“ Sentado, sua cabeça bate no teto; de pé, não atinge nem mesmo a altura do fogareiro.

- Légba

Entre os fon do ex-Daomé, È ù- légbára tem o nome de Légba. Ele é representado por um montículo
de terra em forma de homem acocorado, ornado com um falo de tamanho respeitável. Esse detalhe
deu motivo a observações escandalizadas, ou divertidas, de numerosos viajantes antigos e fizeram-no
passar, erradamente, pelo deus da fornicação. Esse falo ereto nada mais é do que a afirmação de seu
caráter truculento, atrevido e sem-vergonha e de seu desejo de chocar o decoro.
Os Légba, guardiões dos templos de H vioso, vodun do trovão, e de sapata, vodun equivalente a
Sànpònná dos iorubás, manifestam-se através de légbasi, equivalentes a Olúpòna, durante as cerimônias celebradas para esse vodun. Os légbasi vestem-se com uma saia de ráfia tinturada de roxo
e usam a tiracolo inúmeros colares de búzios. Debaixo da sua saia traz, disfarçado, um volumoso falo
de madeira que levantam, de vez em quando, com mímicas eróticas. Além disso, têm na mão uma
espécie de espanta-moscas, Roxo, semelhante a um espanador, no qual está escondido um bastão em
forma de falo, que eles agitam, de maneira engraçada, na cara das pessoas presentes, particularmente
sob o nariz dos turistas, pois os légbasi não deixam de observar seus sentimentos ambivalente diante
dessas exibições.

Exu no Novo Mundo

 No Brasil, como em Cuba, Exu foi sincretizado com o Diabo. Não inspira, porém, grande terror, pois
sabe-se que, quando tratado convenientemente, ele trabalha para o bem, quer dizer, pode ser enviado
para fazer mal às pessoas más ou àquelas que nos prejudicam ou, ainda, àquelas que nos causam
ressentimentos.
Chamam-no, familiarmente, o “Compadre” ou o “Homem das Encruzilhadas” , pois é nesses lugares
que se depositam, de preferência, as oferendas que lhe são destinadas.
Poucas pessoas lhe são abertamente consagradas em razão desse suposto sincretismo com o Diabo. A
tendência, logo que ele se manifesta, é de acalma-lo, de fixa-lo, oferecendo-lhe sacrifícios e
procedendo à iniciação da pessoa interessada em proveito de seu irmão Ogum, com o qual Exu divide
um caráter violento e arrebatado.
O lugar consagrado a Exu é, geralmente, ao ar livre ou no interior de uma pequena choupana isolada
ou, ainda, atrás da porta da casa. É simbolizado por um tridente de ferro, plantado sobre um montículo
de terra e, algumas vezes, por uma imagem, igualmente de ferro, representando o Diabo Brandindo o
tridente.
A segunda-feira é o dia da semana consagrado a ele. As pessoas que procuram a sua proteção usam
colares de contas pretas e vermelhas. As oferendas, de animais e comida, como na áfrica, são-lhe
apresentadas antes das dos outros orixás.
 Diz-se na Bahia que existem vinte e um Exus, segundo uns, e apenas sete, segundo outros. Alguns dos
seus nomes podem passar por apelidos, outros parecem ser letras dos cânticos ou fórmulas de
louvores. Eis alguns: Exu-Elegbá ou Exu-Elegbará e seus possíveis derivados: Exu-Bará ou Exu-
Ibará, Exu-Alaketo, Exu-Laalu, Exu-Jeto, Exu-Akessan, Exu-Loná, Exu-Agbô, Exu-Larôye, Exu-
Inan, Exu-Odora, Exu-Tiriri.
Assinalamos anteriormente que, antes de realizar o xirê dos orixás, faz-se, na Bahia, o padê, palavra
que, como vimos, significa em iorubá encontro ou reunião, durante a qual Exu é chamado, saudado,
cumprimentado e enviado ao além com uma dupla intenção: convocar os outros deuses para a festa e,
ao mesmo tempo, afasta-lo para que não perturbe a boa ordem da cerimônia com um dos seus golpes
de mau gosto.
 No Batuque Bará se apresenta como um orixá esperto,protetor e de vital importância dentro do culto das nações.No passado, as obrigações do Orixá Bará eram dadas somente a homens, como por exemplo, a limpeza dos Acutás e somente os mesmos, eram aprontados para o Orixá Bará. Hoje já existem mulheres aprontadas ao Orixá Bará, principalmente aos que chamamos de "dentro do templo", como Lanã, Adague e Agelú. Mas não podemos esquecer que suas raízes africanas, tanto yorubá quanto bantu, estão ligadas aos cultos masculinos, pois independente da qualidade, ele é o Orixá Bará, energia de virilidade masculina e ímpar.


Arquétipo

 O arquétipo de Exu é muito comum em nossa sociedade, onde proliferam pessoas com caráter
ambivalente, ao mesmo tempo boas e más, porém com inclinação para a maldade, o desatino, a
obscenidade, a depravação e a corrupção. Pessoas que têm a arte de inspirar confiança e dela abusar,
mas que apresentam, em contrapartida, a faculdade de inteligente compreensão dos problemas dos
outros e a de dar ponderados conselhos, com tanto mais zelo quanto maior a recompensa esperada. As
cogitações intelectuais enganadoras e as intrigas políticas lhes convêm particularmente e são, para elas, garantias de sucesso na vida.

Alguns nomes de Barás das Nações:
Legba
Lodê
Lanã
Adague
Agelú
Açana
Açuã
Aguidê
Aguidê-Omi
Ajanadá
Alupagema
Apanadá
Apanadá-Lanã
Beí
Belomí
Bemí
Bemí-Otá
Beremin
Bi
Bilanã
Bi-Omí
Biquin
Birí
Birim

Bomi
Borocum
Borocum-Lanã
Caminoloa
Crony
Dalé
Darê

Dei
Demí
Denim
Diguí
Diki
Djteiú
Elauê
Elupandá
Emí
Emin
Epanadá
Fumí
Fumí-Laió
Funiquê
Gebí
Gelú
Grajé
Hara-Xé

Homí
Idê
Ingué
Kaminoloa
Krajeú
Kraví
Laké
Lapô
Laqué
Larom
Lebá
Lobí
Lolú
Lonã
Lonam
Mi
Modibau
Motim
Nabuê
Nabuê-Denim
Naum
Niquê
Obe-Emí
Obí
Obí-Otá
Obirí
Odeí
Omulum
Remi
Sapatá
Sebiú
Tiriri
Tiriri-Lanã
Tolalú
Tuebí
Tukí
Unã



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